Não se
trata, apenas, do dia de festejar uma categoria profissional. Este já
existe. Trata-se do dia em que a educação no Brasil for prioridade das
prioridades políticas e sociais. O professor se sentiria prestigiado e
não precisaria entrar em greve nem fazer passeata, como se fosse um
profissional qualquer, protegido ou corrido pela polícia. A valorização
do professor é a do aluno. Aliás, alunos todos nós fomos um dia. Nossos
professores se tornaram inesquecíveis.
O professorado faz parte da problemática
da educação no Brasil. É histórica a questão. É política e econômica. É
de capacitação e de estratégia. Protela as indagações de interesse
nacional ou a elas responde: Que país nós queremos construir? A pátria
de todos ou somente para alguns? As perguntas procedem desde que a
república herdou da colonização e do império a estrutura social iníqua
da desigualdade: massa de empobrecidos e de analfabetos, latifúndio e
concentração das riquezas, corrupção e clientelismo.
Embora nos diversos ciclos republicanos
se tenha respondido com políticas educacionais, a impressão é de que,
entrando nas camadas populares, e as estatísticas a confirmam, anda-se
bastante devagar na direção de uma educação pública fundamental. Exceto
para as elites que podem pagar pela escola particular. O desenvolvimento
científico e tecnológico não acompanhou ainda a democratização do
ensino público de base. É estranho, por ser a educação o caminho para
vencer a desigualdade e fazer crescer o país. Passa pelo acesso ao
ensino, a capacitação e a remuneração e o plano de carreira do
professorado, a escola equipada. É investimento social.
A longa greve dos professores no Rio de
Janeiro tem a ver com o plano de cargos e de salários, que mexe com o
bolso deles, e se insere na problemática mais ampla, que reclama pelos
recursos disponíveis a serem priorizados. Estabelece-se o conflito. Por
isso, apesar dos pesares, entre os quais a aflição dos pais e a privação
dos alunos do direito às aulas, a sociedade e o governo obrigam-se a
encarar a educação com pragmática e programática. Até pode ser benéfico.
O professor do Rio tem o maior piso
entre as capitais, é verdade. Ainda ganha pouco, porém. Daí, o
descontentamento. No plano de cargos e salários aprovado pela Câmara e
rejeitado pelo sindicato, há omissões. Não foi considerado o tempo gasto
com atividades extraescolares, tais como planejamento de aulas,
correção de trabalhos, leituras obrigatórias, atualização permanente.
Requer justa remuneração e a aplicação mais equânime dos tributos.
Como se não bastasse, os colégios
precisam de segurança diante de invasões e de roubos do equipamento.
Professores e outros funcionários são vítimas da violência em certas
localidades. Existem alunos ameaçadores e ameaçados de surra ou morte.
Não há salário suficiente nem amor ao magistério que compensem tal
situação de estresse e de desânimo, e de horror ao ver alunos ou
ex-alunos com fuzis nas mãos, na entrada das comunidades. A desistência
do professor penaliza ainda mais o pobre. Vemos como, de fato, a
educação se insere na problemática da desigualdade e da aplicação
prioritária dos recursos.
Magistério não é nem sacerdócio nem
voluntariado. Por isso, a greve é um recurso válido, mas não
indefinidamente, pois prejudica os alunos. Reclama pela conversação
sensata para alcançar o acordo razoável possível, ainda que temporário.
Com pé no chão: a aceitação do limite de caixa e a demanda, sem
ideologização corporativista nem político-partidária.
http://arqrio.org/formacao/detalhes/235/quando-teremos-o-dia-do-professor
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