quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Dia do Professor 2015.

Não se trata, apenas, do dia de festejar uma categoria profissional. Este já existe. Trata-se do dia em que a educação no Brasil for prioridade das prioridades políticas e sociais. O professor se sentiria prestigiado e não precisaria entrar em greve nem fazer passeata, como se fosse um profissional qualquer, protegido ou corrido pela polícia. A valorização do professor é a do aluno. Aliás, alunos todos nós fomos um dia. Nossos professores se tornaram inesquecíveis.
O professorado faz parte da problemática da educação no Brasil. É histórica a questão. É política e econômica. É de capacitação e de estratégia. Protela as indagações de interesse nacional ou a elas responde: Que país nós queremos construir? A pátria de todos ou somente para alguns? As perguntas procedem desde que a república herdou da colonização e do império a estrutura social iníqua da desigualdade: massa de empobrecidos e de analfabetos, latifúndio e concentração das riquezas, corrupção e clientelismo.
Embora nos diversos ciclos republicanos se tenha respondido com políticas educacionais, a impressão é de que, entrando nas camadas populares, e as estatísticas a confirmam, anda-se bastante devagar na direção de uma educação pública fundamental. Exceto para as elites que podem pagar pela escola particular. O desenvolvimento científico e tecnológico não acompanhou ainda a democratização do ensino público de base. É estranho, por ser a educação o caminho para vencer a desigualdade e fazer crescer o país. Passa pelo acesso ao ensino, a capacitação e a remuneração e o plano de carreira do professorado, a escola equipada. É investimento social.
A longa greve dos professores no Rio de Janeiro tem a ver com o plano de cargos e de salários, que mexe com o bolso deles, e se insere na problemática mais ampla, que reclama pelos recursos disponíveis a serem priorizados. Estabelece-se o conflito. Por isso, apesar dos pesares, entre os quais a aflição dos pais e a privação dos alunos do direito às aulas, a sociedade e o governo obrigam-se a encarar a educação com pragmática e programática. Até pode ser benéfico.
O professor do Rio tem o maior piso entre as capitais, é verdade. Ainda ganha pouco, porém. Daí, o descontentamento. No plano de cargos e salários aprovado pela Câmara e rejeitado pelo sindicato, há omissões. Não foi considerado o tempo gasto com atividades extraescolares, tais como planejamento de aulas, correção de trabalhos, leituras obrigatórias, atualização permanente. Requer justa remuneração e a aplicação mais equânime dos tributos.
Como se não bastasse, os colégios precisam de segurança diante de invasões e de roubos do equipamento. Professores e outros funcionários são vítimas da violência em certas localidades. Existem alunos ameaçadores e ameaçados de surra ou morte. Não há salário suficiente nem amor ao magistério que compensem tal situação de estresse e de desânimo, e de horror ao ver alunos ou ex-alunos com fuzis nas mãos, na entrada das comunidades. A desistência do professor penaliza ainda mais o pobre. Vemos como, de fato, a educação se insere na problemática da desigualdade e da aplicação prioritária dos recursos.
Magistério não é nem sacerdócio nem voluntariado. Por isso, a greve é um recurso válido, mas não indefinidamente, pois prejudica os alunos. Reclama pela conversação sensata para alcançar o acordo razoável possível, ainda que temporário. Com pé no chão: a aceitação do limite de caixa e a demanda, sem ideologização corporativista nem político-partidária.

http://arqrio.org/formacao/detalhes/235/quando-teremos-o-dia-do-professor